VALOR ECONÔMICO: 19/02/2016 - 05:00
Vale supera meta de produção apesar de acidente em MG
Por Francisco Góes e Alessandra Saraiva
Apesar do acidente da Samarco e da paralisação de operações menos
eficientes em Minas Gerais, a Vale bateu recordes de produção e superou a
meta que havia estabelecido, em termos de volumes, para o minério de
ferro em 2015. A Vale produziu 345,9 milhões de toneladas de minério
de ferro no ano passado, quase seis milhões acima das 340 milhões de
toneladas fixadas como objetivo pela própria empresa. O número inclui a
produção adquirida de terceiros. Nos metais básicos, porém, a
mineradora não conseguiu atingir os objetivos de produção que havia se
proposto para o níquel e o cobre no ano passado e desapontou, mais uma
vez, parte do mercado.
Logo depois do rompimento da barragem da Samarco, em novembro de 2015,
surgiram dúvidas se a Vale conseguiria cumprir a meta de produção do
ano. Isso porque a tragédia de Mariana (MG) afetou parte da operação da
Vale no município. No relatório de produção divulgado ontem, a Vale
afirmou que tomou medidas para melhorar a performance em outras
operações e assim mitigou a perda de produção no complexo de Mariana, de
propriedade da empresa, vizinho à Samarco. No terceiro trimestre, a
Vale já havia paralisado operações menos eficientes com capacidade total
de 13 milhões de toneladas. No entanto, os ganhos registrados em outras
minas e o crescimento da produção em unidades de beneficiamento em
Minas Gerais compensaram as perdas registradas em Mariana.
A
produção em Carajás, no sudeste do Pará, também cresceu, sobretudo como
resultado de maiores volumes em novas minas que a Vale começou a
explorar na região. A performance dos principais sistemas de produção da
Vale (em Minas e no Pará) permitiu obter recordes no quatro trimestre
do ano passado, quando a empresa produziu 88,4 milhões de toneladas de
minério de ferro, incluindo compra de terceiros, com alta de 2,4% sobre o
mesmo período de 2015. Se for excluída a compra de minério de outras
empresas, a produção própria da Vale entre outubro e dezembro ficou em
85,3 milhões de toneladas, 2,9% a mais do que no quarto trimestre de
2014.
Para 2016, a Vale indicou uma "banda" flexível de produção de
minério de ferro, que se situa entre 340 milhões e 350 milhões de
toneladas. E disse que vai privilegiar margens ao invés de volumes.
Entre analistas, a visão é de que o mercado "desafiador"de preços
continuará a pressionar o fluxo de caixa da Vale este ano. Em relatório
aos clientes, o Credit Suisse onsiderou como "neutro"o efeito do
relatório de produção divulgado ontem sobre as ações da Vale. Na
quinta-feira, a empresa vai divulgar o balanço financeiro de 2015 e a
expectativa, entre bancos, é de que a empresa anuncie um prejuízo
bilionário como resultado direto da queda nos preços (minério de ferro,
carvão, cobre e níquel) e também pelo efeito contábil, na dívida em
dólares da companhia, da desvalorização do real.
O ponto
decepcionante do relatório de produção ficou, na visão de analistas, com
os metais básicos. No comentário aos clientes, o Credit Suisse
reconheceu que a produção de níquel e cobre cresceu no quatro trimestre,
mas mesmo assim desapontou. Os volumes de níquel produzidos
pela Vale totalizaram 291 mil toneladas no ano passado, 2% abaixo da
meta de 296 mil toneladas indicada pela empresa em encontro com
investidores, em dezembro. Na comparação com 2014 (27 5 mil toneladas), a
produção de níquel subiu 5,7 %. No cobre, o volume de produção
anualizado ficou em 424 mil toneladas, aquém da meta de 430 mil
toneladas. Para 2016, a meta de produção da Vale no níquel prevê 324 mil
toneladas e, no caso do cobre, de 459 mil toneladas. No carvão, a Vale
produziu 7 ,3 milhões de toneladas no ano passado, queda de 15,1% sobre
2014.
NB: repassando email do MST sgeral@mst.org.br